Extinto em Portugal no século XVI, o esquilo-vermelho encetou a sua re-colonização nos anos 90. Vindo de Espanha, a sua distribuição tem progredido deste o norte, tendo já sido observado a sul do rio Tejo.
Sendo o único roedor arboricola diurno da nossa fauna, este esquilo habita florestas de coníferas e compostas, o que lhe garante uma maior disponibilidade de alimento ao longo das estações. São animais omnívoros cuja dieta se baseia essencialmente em sementes de coníferas. No entanto, caso estas escaceiem, alimentam-se de cogumelos, flores, raizes, insectos, minhocas ou ovos.
Dada a sua facilidade em conviver com o ser humano, não é de estranhar vê-los a saltitar de árvore em árvore em parques ou jardins urbanos. Na década de 90 estes pequenos mamíferos foram introduzidos no Parque Florestal de Monsanto e no Jardim Botânico de Coimbra (1993 e 1994 respectivamente) locais que, em conjunto com a Tapada da Ajuda, proporcionam ainda hoje as melhores hipóteses de observar esta espécie.
Depois de ter já ter procurado sem sucesso observar este bicho na Ajuda, acabei por dar com ele num local onde eu não fazia a mínima ideia de que ocorria.
Embora seja uma ave bastante comum nas nossas águas e muitas vezes avistada a partir da costa, não a encontraremos nas nossas praias ou falésias.
Alcatraz ou Ganso-patola (Morus bassanus) RN Berlengas (21-05-2017)
O alcatraz só poisa em terra firme quando está extremamente debilitado ou quando pretende nidificar. Mas, como esta espécie não nidifica no nosso país, as imagens que mais facilmente conseguiremos reter são o seu poderoso voo ou os seus espectaculares mergulhos quando caem a pique dos céus na tentativa de capturar um peixe mais descuidado.
Alcatraz ou Ganso-patola (Morus bassanus) RN Berlengas (21-05-2017)
Nesta espécie relativamente fácil de reconhecer devido ao seu porte e formato do corpo, os juvenis apresentam um tom pardo malhado ou manchado, ao passo que os adultos são essencialmente brancos com a ponta das asas preta. O seu corpo fusiforme permite-lhe os espantosos mergulhos e, quando visto ao longe, dá-lhe a aparência de ter duas cabeças - "uma para cada lado".
Alcatraz ou Ganso-patola (Morus bassanus) RN Berlengas (21-05-2017)
Numa visita da SPEA (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves) à Reserva Natural das Berlengas, tivémos a oportunidade de os ver bem de perto a rondar a embarcação e detectámos mesmo 3 destas belas aves poisadas num rochedo dos Farilhões, coisa que deixou todos a bordo bastante entusiasmados com a possibilidade de que estivessem a tentar nidificar por ali. É algo a tentar verificar no futuro...
Alcatraz ou Ganso-patola (Morus bassanus) RN Berlengas (21-05-2017)
♪♫ It's not time to make a change Just relax, take it easy You're still young, that's your fault There's so much you have to know... ♪♫
Decorria o ano de 1970 quando Cat Stevens cantou esta música, com ela relembrando ao mundo o quão importante e complexa é a relação entre pais e filhos.
De facto, nos animais mais evoluídos (nomeadamente nos mamíferos e nas aves) a dependência dos progenitores por parte das crias é gritante, tanto ao nível do suporte de vida (alimentação e protecção) como da aprendizagem dos comportamentos e estruturas sociais.
Dedicados de forma extremosa à criação e educação dos seus juvenis, os galeirões são no entanto pais bastante ríspidos, administrando por vezes verdadeiras sovas às quais as crias nem sempre sobrevivem. É assim a natureza: protectora, porém crua e brutal.
Uma coisa é certa: aqueles que chegarem à fase adulta estarão preparados para sobreviver às agruras de uma vida selvagem.
[EN]
Father & son
In 1970 Cat Stevens sang this song and reminded the world how important and complex the relationship between parents and children is.
In fact, in the more advanced animals (especially mammals and birds), the offspring dependence from their parents is striking, both in terms of life support (feeding and protection) and in the learning of social behaviors and structures.
Extremely dedicated to the upbringing and education of their juveniles, coots are nevertheless rather harsh parents, sometimes administering true beatings to which youngsters do not always survive. Nature is protective but also crude and brutal.
One thing is sure: those who reach adulthood will be prepared to survive the hardships of a life in the wild.
Nas praias da frente atlântica de Almada todos os anos estivam milhares de turistas, vindos um pouco de todo mundo. Atraídos pelo nosso ameno clima e pelos extensos areais do concelho, alguns são veraneantes regulares, outros visitam esta zona pela primeira (e possivelmente única) vez...
Chegado o inverno, continua a ser possível encontrar com frequência por ali grupos de bípedes, mas mais provavelmente do tipo emplumado. Tal como os humanos, também estes visitantes chegam genericamente em pequenos grupos.
No entanto, (também como algumas pessoas) certos elementos tendem a aparecer sozinhos e, na ausência dos seus pares, acabam por tentar a integração no seio de grupos mistos. Um caso paradigmático é o desta ave oriunda do norte da Europa que, desde 2015, tem escolhido as praias da margem sul como zona de invernada. Tendo já sido observada em números de 2 ou 3, na maioria das vezes é avistado um indivíduo a alimentar-se entre as rochas, por vezes solitário, noutras ocasiões acompanhado por pilritos-das-praias e/ou rolas-do-mar.
Sendo este bicho relativamente raro no nosso território, parece que Almada está a tornar-se num local bastante consistente para a sua observação.
Parte integrante do sistema lagunar da Lagoa de Albufeira, este local apresenta uma exuberante biodiversidade e é um dos meus locais preferidos para observação.
Esta ZPE (Zona de Protecção Especial), constituida pelas lagoas Pequena e Estacada, é gerida de forma conjunta pelo ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas), pela SPEA (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves) e pelo município de Sesimbra, possuindo vários equipamentos de apoio aos visitantes e contando também com uma bióloga em permanência. Dentro do horário de abertura é possivel visitar o espaço de forma livre ou, em alternativa, marcar uma visita guiada.
Os quatro abrigos de observação/fotografia existentes, em conjunto com a possibilidade de alugar binóculos por uma quantia simbólica, tornam este espaço no local ideal para quem pretenda iniciar-se na observação de natureza.
Existe também ali uma loja da SPEA onde é possível adquirir binóculos, guias de campo ou recordações.
O habitat é essencialmente composto pelo caniçal adjacente às lagoas, uma zona de salgueiros e alguns pinheiros. Nas proximidades existem grandes manchas de pinhal e também algum eucaliptal. Ao passo que a Lagoa Pequena - por estar ligada à lagoa de Albufeira - contém água salgada, a lagoa da Estacada é composta por água doce pois foi criada nos anos 80 pelo ICNF através da construção de um pequeno dique que levou ao alagamento permanente de uma zona de cheias na confluência das ribeiras da Aiana e da Ferraria. Isto criou um nicho ecológico algo diferente daquele que já ali existia.
Aqui podemos observar uma míriade de passeriformes como vários chapins, gralhas-pretas, estorninhos, bicos-de-lacre, escrevedeiras, pintassilgos ou verdilhões, bem como várias espécies de patos como a frisada, a marrequinha, o pato-real ou o pato-trombeteiro e até mergulhões, galinhas-d'água, frangos-de-água, garças-reais e garças-vermelhas. Podemos também encontrar o críptico garçote ou o deslumbrante - e em tempos quase extinto - Camão. A colocação dos abrigos junto à água permite-nos uma aproximação ímpar relativamente aos bichos, pelo qual é importante termos em mente de devemos fazer tudo para não os incomodar... afinal este é o "seu" santuário.
Em suma, este é um agradável espaço que permite ao naturalista mais inveterado observar mais de meia centena de espécies de aves (para não falar de plantas e insectos) e que ao "comum dos mortais" traz promessas de uma manhã (ou tarde) passada em comunhão com a natureza, não assim tão longe dessa grande floresta de betão que é Lisboa. Para as crianças pode ser um importante veículo de educação ambiental, ajudando-as a ganhar gosto pela observação da natureza. Vale a pena a visita.
não deixar nada para além de pegadas (e porque não um pequeno donativo?)
não levar nada a não ser boas recordações, fotografias e vontade de voltar
Boa visita!
[EN]
As a part of the lagoon system of Lagoa de Albufeira, this place has an exuberant biodiversity and is one of my favorite places for observation.
This SPA (Special Protection Area), formed by the Pequena and Estacada lagoons, is jointly managed by the National Institute for the Conservation of Nature and Forests (ICNF), SPEA (Portuguese Society for the Study of Birds) and the municipality of Sesimbra, having several visitor support equipments and also counting with a permanent biologist. Within the opening hours it is possible to visit the space freely or alternatively to book a guided tour. The four existing observation/photography shelters, coupled with the possibility of renting binoculars for a token amount make this space the ideal place for anyone wishing to embark on nature observation.
There is also a SPEA store where you can purchase binoculars, field guides or souvenirs.
The habitat is essentially composed by reeds, willows and some pine trees. Nearby there are some large areas of pine forest and also some eucalyptus. Whereas the Lagoa Pequena - because it is linked to the Albufeira lagoon - contains salt water, the Estacada lagoon is composed of fresh water because it was created in the 80s by the ICNF through the construction of a small dam that led to the permanent flooding of a flood zone at the confluence of the Aiana and Ferraria streams. This created an ecological niche somewhat different from the one that already existed there.
Here we can observe a myriad of passerines such as some species of tits, carrion crows, starlings, waxbills, cirl buntings, goldfinches or greenfinches, as well as several species of ducks such as the gadwall, the common teal, the mallard duck or the northern shoveler and even little grebes, moorhens, water rails, grey herons, and red herons. We can also find the cryptic little bittern or the stunning - and in time almost extinct - purple swamphen. The placement of the shelters by the water allows us a unique approach to the animals, so it is important to keep in mind that we must do everything to avoid disturbing them... after all, this is the "their" sanctuary.
In short, this is a pleasant space that allows the most inveterate naturalist to observe more than half a hundred species of birds (not to mention plants and insects) and to the "common mortal" it brings promises of a morning (or afternoon) spent in communion with nature, not that far from the large concrete forest that is Lisbon. For the children it can be an important vehicle for environmental education, helping them to gain a taste for nature observation. It's worth the visit.