Preciosas auxiliares para o voo, a presença destas estruturas é uma das características distintivas da Classe Aves. No entanto, as penas podem ter uma série de outras funções tais como o isolamento térmico, a impermeabilização e a camuflagem. São também muitas vezes utilizadas como acolchoamento para os ninhos e até como objecto de atracção sexual. O número e tipo de penas que um animal apresenta depende em grande parte da sua etologia e habitat.
Esta bela ave, devido ao seu modo de alimentação, desenvolveu uma plumagem que, além de ser um regalo para a vista, permite mantê-la seca, quente e aerodinâmica mesmo ao mergulhar nas águas onde captura as suas presas.
Já no caso de algumas aves estepárias como o alcaravão e o sisão, as penas desenvolveram-se no sentido de lhes garantir uma boa camuflagem contra os predadores.
Sisão (Tetrax tetrax) Vila Franca de Xira (30-09-2020)
As suas cores e padrões mimetizam os habitats que frequentam e permitem-lhes passar despercebidos até aos olhos dos observadores mais atentos.
Alcaravão (Burhinus oedicnemus) Vila Nova de Milfontes (22-01-2017)
O Homem reformula o meio de acordo com as suas necessidades e com isso força os restantes animais a uma deslocalização ou nalguns casos, a uma adaptação a esse novo ambiente.
Segundo o avesdeportugal.info, o alcaravão é considerado uma ave "misteriosa e difícil de observar". De facto, com a sua plumagem críptica e os seus hábitos crepusculares e furtivos, raramente se deixa aproximar sem que entre em fuga ou "desapareça" na vegetação circundante. É apenas lógico considerar-se que um animal com tais características frequente exclusivamente zonas remotas, despidas de gente e da sua influência... mas a natureza não se deixa guiar pela lógica humana e, na sua fascinante adaptabilidade, apresenta-nos destas surpresas.
Neste dia, por volta das 8 da manhã, num lote vazio no meio de casas, oficinas, quintais e hortas, 56 olhos reptílicos perscrutavam as redondezas, vigilantes mas ainda assim tolerantes aos sons e às movimentações da população que despertava ao seu redor.
Não ouso tentar adivinhar o porquê da escolha do local, mas divirto-me a imaginar o que pensarão as pessoas nas casas vizinhas, ao ouvir os seus arrepiantes "lamentos" a ecoar pela noite... é assim que algumas lendas são criadas.
Alcaravão (Burhinus oedicnemus) Vila Nova de Milfontes - Odemira (22-01-2017)