País de clima temperado e variedade de paisagens, Portugal sempre foi um destino atractivo para visitantes de outras paragens. Isto é verdade para os humanos, mas vem também (cada vez mais) sendo verdade para outros animais - incluindo algumas aves.
Há muito que nos habituámos a ver os pequenos bicos-de-lacre como parte da nossa fauna, mas hoje em dia podemos também facilmente observar os áureos arcebispos e tecelões, bem como os bicos-de-chumbo e os mainás-de-crista. E que dizer dos vocais bandos de "papagaios" verdes (na verdade são periquitos) que deslumbram os transeuntes em Lisboa?
Todos estes bichos exóticos, embora acarretem potenciais impactos negativos para a biodiversidade nativa, oferecem um colorido diferente à fauna portuguesa, contrastante com as nossas "aborrecidas" e pardacentas aves autóctones, que apresentam formas e cores muito menos exuberantes.
Pois, também muito português é o terrivel hábito de desconsiderar o que é nosso, ignorando tantas vezes as maravilhas que temos em casa. Ainda assim, nos últimos anos, o paradigma parece ter mudado um pouco: fomos campeões, ganhámos festivais, somos cada vez mais reconhecidos e desejados pelos famosos... Quem diria, temos auto-estima.
E, que raios, (porque não dizê-lo?) temos também uma natureza fascinante.
Para aqueles maluquinhos que fazem da observação de aves o seu hobbie (e às vezes a sua obsessão), as migrações primaveril (pré-nupcial) e outonal (pós-nupcial) apresentam oportunidades únicas de observação, pois trazem de passagem algumas espécies que dificilmente podemos observar noutras alturas do ano. A migração pós-nupcial é especialmente profícua, pois é no fim de verão/início de outono que as aves juvenis, nascidas mais a norte na Europa, empreendem a sua longa jornada a caminho de terras mais quentes... umas seguem para África, outras invernam por cá, na Península Ibérica.
Nesta época do ano, entre meados de agosto e meados de novembro (grosso modo), por todo o país surgem bichos de passagem, a caminho do Sul. É uma altura incrível, onde qualquer ave pode aparecer em qualquer sítio. Mas há um local específico para onde todos parecem convergir, tanto as aves como os observadores que as procuram.
Bem-vindos a Sagres, a capital da observação de aves em Portugal.
Mas o que torna esta região tão atractiva nesta altura do ano?
Bem, é sabido que ninguém nasce ensinado... nem mesmo os animais, por muito bons que sejam os seus instintos. Após a reprodução, com a diminuição de horas de luz do dia, as aves migratórias começam paulatinamente a encetar o seu percurso a caminho de paragens mais meridionais. Umas seguem em bando, outras de forma mais isolada, mas todas elas são empurradas para sul pela sua bússola interna. Sucede que os adultos, tendo já efectuado pelo menos uma migração anteriormente, têm o azimute mais afinado e seguem directos para Gibraltar, o ponto onde irão atravessar o Mediterrâneo.
Já os putos, mais inexperientes e destrambelhados, vão descendo o país um pouco mais "à toa", mais dependentes dos ventos e da orografia do terreno. Só "sabem" que têm que seguir mais ou menos para os lados do sul, mas não sabem a rota, pelo que muitos acabam por aproximar-se da costa oeste e utilizam o mar como rumo. No entanto, entrando na península de Sagres, voltam a dar de caras com o mar na costa sul, ficam baralhados e, muitas vezes, permanecem a circular ali na região vários dias até finalmente se orientarem e seguirem para Gibraltar.
Se há um espectáculo que merece ser visto pelo menos uma vez, por aqueles que têm fraquinho por estes bichos emplumados, é o de dezenas de indivíduos de várias espécies de aves planadoras a circular pelos céus, à procura do caminho para um sítio que nunca viram...
Mais para fins de outubro, é especialmente impressionante observar isto a suceder com bandos de centenas de grifos. Chega a haver milhares destas aves a circular pela região ao mesmo tempo.
Grifo (Gyps fulvus) Sagres (04-11-2021)
Não é, portanto, de estranhar que ali tenha nascido o Festival Observação de Aves & Atividades de Natureza de Sagres, que este ano teve a sua 13ª edição. Todos os anos, geralmente na semana do feriado do 5 de outubro, dezenas de visitantes de várias nacionalidades vão observar de perto a migração e participar nas diversas actividades disponibilizadas pela organização.
Mas as pessoas que se deslocam a Sagres nos inícios de outono não vão apenas à procura de rapinas. Entre aves residentes e migradoras, terrestres e marítimas, já foram observadas mais de 300 espécies na região. Há muito para ver...
Galheta (Gulosus aristotelis) Sagres (07-11-2021)Melro-de-colar (Turdus torquatus) Sagres (07-11-2021)Tordo-zornal (Turdus pilaris) Sagres (25-10-2019)Rabirruivo-de-testa-branca (Phoenicurus phoenicurus) Sagres (06-10-2017)Papa-moscas-preto (Ficedula hypoleuca) Sagres (06-10-2017)Casquilho (Oceanites oceanicus) ao largo de Sagres (06-10-2017)Alma-de-mestre (Hydrobates pelagicus) ao largo de Sagres (06-10-2017)Alcatraz (Morus bassanus) ao largo de Sagres (06-10-2017)Toutinegra-de-bigodes (Curruca iberiae) Sagres (05-10-2017)Papa-amoras-comum (Curruca communis) Sagres (05-10-2017)Mocho-galego (Athene noctua) Vila do Bispo (02-10-2016)Trigueirão (Emberiza calandra) Sagres (02-10-2016)Torcicolo (Jynx torquilla) Vila do Bispo (30-09-2016)Gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax) Vila do Bispo (30-09-2016)Corvo (Corvus corax) Sagres (07-11-2021)Pardela-balear (Puffinus mauretanicus) Sagres (36-10-2019)Melro-azul (Monticola solitarius) Boca do Rio (10-06-2016)Chasco-ruivo (Oenanthe hispanica) Sagres (10-06-2016)
Entre todas estas espécies, há sempre algumas que chamam mais a atenção ou geram mais procura, quer seja por serem especialidades da região, ou por serem aves mais incomuns ou até raras.
Com tantas aves a circular na zona, é inevitável que acabem por interagir connosco e com o nosso modo de vida.
Esta interacção é especialmente preocupante nos parques eólicos da região, que representam um perigo muito real para grandes planadoras, como águias, cegonhas e abutres. As empresas gestoras destes parques contratam, no período mais crítico do ano, consultoras que colocam equipas no terreno, garantindo uma monitorização permanente. Estas equipas dispõem inclusivamente da capacidade de parar os geradores, em caso de perigo eminente. Felizmente, estas medidas de mitigação têm mostrado ser bastante eficientes.
Outras interacções aves/humanos podem parecer mais inócuas, mas nem sempre é bem assim.
Os extra-maluquinhos que se decidam a levantar bem cedo para dar uma volta pela zona, arriscam-se a ter surpresas como dar de caras com um bando de dezenas ou até centenas de abutres a dormitar no chão. Claro que a tentação de nos aproximarmos é bastante difícil de resistir... as fotos que poderíamos conseguir, se chegássemos perto...
No entanto, os resultados disso tendem a ser bastante perniciosos para as aves. O mais provável é que estas se vão assustar e levantar voo mais cedo do que o suposto, acabando por não descansar tanto quanto precisavam. Não esqueçamos que são aves enormes, a meio de uma viagem de milhares de km... toda a energia poupada é preciosa.
E, se os fizermos levantar voo assustados nas imediações de um parque eólico, mais do que meramente pernicioso, o resultado pode ser catastrófico.
Grifos (Gyps fulvus) Sagres (07-11-2021)
De qualquer forma, podemos apreciar à distância e até conseguir algumas fotos sem incomodar os bichos. Basta que tenhamos em mente mais o seu interesse do que o nosso.
As fotos acima foram todas conseguidas a uma distância segura, de dentro do carro, parado na berma de uma estrada alcatroada. Não serão imagens tecnicamente perfeitas, mas são excelentes recordações de um incrível "momento National Geographic", num dia em que decidi dar uma volta à toa, ao nascer do dia, sem percurso nem destino definidos.
Definitivamente, no outono, Sagres é o ponto de encontro dos que não sabem o caminho...
Goste-se ou não das questões religiosas que lhe estão inerentes, é inegável que a Jornada Mundial da Juventude é um marco importante no calendário anual de eventos de qualquer país. Portugal não é excepção e, com o acolhimento em Lisboa desta jornada em 2023, começam a notar-se movimentações na cidade, tanto a nível político como logístico.
Após a descontaminação da área envolvente e do isolamento dos resíduos no seu interior, o aterro de Beirolas foi preenchido com terras adequadas ao desenvolvimento de vegetação e foi assim deixado. É sabido que a natureza prospera onde o Homem abandona... ora, protegido de presença humana por vedações, este terreno foi reclamado pela vegetação e ali encontraram protecção e alimento várias espécies de insectos, aves e pequenos mamíferos, entre outros bichos.
Perdiz-vermelha (Alectoris rufa) Aterro sanitário de Beirolas (27-08-2020)
Este espaço onde agora vai nascer o novo jardim, foi berço de ninhadas de perdizes, fuinhas-dos-juncos e cartaxos. Foi protecção e alimento para patos, pardais, rolas, trigueirões, toutinegras-dos-valados, bicos-de-lacre, milheirinhas, pegas-rabudas, entre tantas outras espécies.
Foi também terreno de caça, patrulhado por predadores em busca dos pequenos seres que ali se protegiam. Aves de rapina como a águia-d'asa-redonda, a águia-sapeira e o peneireiro eram presenças regulares e também as garças-reais facilmente podiam ser observadas por ali, à procura de répteis, ratos e invertebrados...
No fim do verão/início do outono, os migradores de passagem aproveitavam a abundância de alimento e a protecção das ervas altas e do viveiro de árvores abandonado, para ali retemperar as preciosas energias antes de prosseguirem viagem para África.
Hoje, reina o pó e o barulho das máquinas. Do prado exuberante restam uns pastos amachucados e das árvores do viveiro sobram meia dúzia, que possivelmente ficarão no futuro jardim, testemunhas daquilo que foi, mas que não mais voltará a ser.
Por ora, ainda podemos observar pegas, perdizes, estorninhos e várias outras aves que vão encontrando alimento por entre os torrões revirados, mas findas as obras de fundo e começados os trabalhos de "paisagismo", só sobrarão as "aves de jardim", iguais a todas as outras que podem ser vistas nos relvados ali mais a jusante. Não mais veremos as pegas e as ninhadas de perdizes, nem o deslizar das icónicas rapinas, nos seus calmos voos predatórios. As miríades de insectos polinizadores que ali faziam a sua vida, terão que procurar outros espaços. Este pertence aos humanos.
Plantas exóticas, infrastruturas e equipamentos de desporto e lazer, cimento, plástico e metal a rodearem relvados insustentáveis, de aspecto artificial... é insaciável, a nossa sede por moldar o mundo à imagem da nossa concepção de beleza (talvez um dia - ideia louca - alguém nos ensine a apreciar a pureza da natureza, ao invés de a moldar aos nossos desígnios). Ali ao lado, nasce uma ponte para atravessar o Trancão e, aparentemente, entrar com mais um passadiço pelo sapal a dentro. Quando toca ao mundo natural, não há refúgio que não violemos ou santuário que não profanemos...
Vamos ter mais jardins, mais zonas de lazer e mais passadiços. Mais pessoas a andar, correr, saltar e pedalar enquanto falam, riem e gritam. A cidade irá, indubitavelmente, ficar mais bonita...
Eu? Eu estou apenas triste.
Perdiz-vermelha (Alectoris rufa) Aterro sanitário de Beirolas (12-07-2022)
Cinco anos atrás, dava eu os meus primeiros passos a sério nesta actividade. Apesar de ter crescido no campo, nunca tinha observado a natureza de forma tão exuberante, tão... selvagem, como nas primeiras vezes em que visitei a lezíria.
Palavra alguma poderá descrever a sensação de pequenez e deslumbre... nem tampouco meras imagens farão jamais justiça a tal espectáculo da natureza, mas fica uma vã tentativa de captar um inenarrável momento.
Talvez este vídeo consiga explicar, em parte, o porquê desta minha paixão.
Íbis-preta (Plegadis falcinellus) Lezíria Grande de Vila Franca de Xira (10-12-2016)
Sim, estas coisas ocorrem cá. E a uns breves minutos de distância da capital...
Em janeiro de 2022 irá ser realizado pela segunda vez um censo ibérico da população invernante de águias-pesqueiras. Iniciativa original do portal avesdeportugal.info, este será o quinto censo desta espécie a ser levado a cabo no nosso país.
Os locais a visitar compreendem as zonas húmidas costeiras (estuários, rias e lagoas), bem como as grandes albufeiras do interior.
Águia-pesqueira (Pandion haliaetus) Lezíria Grande de Vila Franca de Xira (23-12-2017)
Para participar autonomamente é necessário apenas possuir um par de binóculos e saber identificar uma águia-pesqueira. Pessoas que não possuam um (ou ambos) destes requisitos e ainda assim desejem participar nesta acção de ciência-cidadã, serão (dentro da medida do possível) colocadas com um observador mais experiente que possa assegurar a contagem.
Rede provisória de pontos de observação no estuário do Tejo - jusante
Pela terceira vez vou estar a coordenar as contagens na área do estuário do Tejo jusante (entre Pancas e o Seixal) e, se desejarem participar nesta área, podem entrar em contacto comigo através da caixa de comentários ou do email disponível no meu perfil. Caso o pretendam fazer noutra zona do país, podem à mesma contactar-me (eu encaminho-vos para o respectivo coordenador regional), ou enviar um email directamente à coordenação nacional através do endereço geral@avesdeportugal.info.
Venham passar uma manhã no campo e contribuir um bocadinho para o conhecimento sobre esta incrível ave de rapina.
Tal como uma aranha, uma cobra ou uma osga tendem a causar-nos repulsa, uma ave de cores chamativas e formas delicadas parece sempre, aos nossos olhos, fofinha e inofensiva... mas a natureza não se compadece com sentimentalismos e, nela, a forma é sempre adequada à função (ou funções).
Perdiz-do-mar (Glareola pratincola) Vila Franca de Xira (10-04-2016)
Por exemplo, esta bela ave, de aspecto aerodinâmico e gracioso (até angelical), é na verdade quase uma mini rapina, autêntico anjo da morte para aranhas, moluscos e grandes insectos como gafanhotos, ralos ou besouros.
Perdiz-do-mar (Glareola pratincola) Vila Franca de Xira (10-04-2016)
A nossa percepção, tantas vezes enviesada pelos padrões estéticos humanos, cria-nos ilusões e leva-nos a esquecer essa velha máxima da vida... as aparências, de facto, iludem.
O impacto que as nossas actividades têm sobre a natureza aumenta a cada ano que passa. O consumo desenfreado leva a um excesso de resíduos e quem paga a factura são as aves, os peixes, as plantas... Urge tomar consciência e fazer os possíveis para reduzir a nossa pegada ecológica que, neste momento, é titânica.
Rola-do-mar (Arenaria interpres) Costa da Caparica - Almada (02-05-2016)
As patas são umas das partes anatómicas das aves que mais variam a nível de tamanho e formato. Se os pequenos passarinhos têm pernas relativamente curtas e finas, bem como dedos também eles finos e delicados, apropriados para se agarrarem aos pastos e ramos, as perdizes e codornizes têm patas mais fortes, adequadas a caminhar no solo, por exemplo. Há uma grande variedade de tipos de patas, pois estas tendem a reflectir com bastante fiabilidade o tipo de interacção que cada ave tem com o seu meio.
A verdade é que, se encontrássemos um destes membros perdido por aí, conseguiríamos provavelmente, com algum grau de certeza, saber a que grupo de aves teria pertencido.
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Uma águia a "surfar" um enorme peixe é uma das visões mais espectaculares que podemos ter nos nossos rios, estuários ou barragens. As patas destas rapinas especializadas na captura de peixes vivos possuem algumas das adaptações mais interessantes entre as aves, apresentando garras especialmente fortes e recurvadas, rugosidades com barbelas na pele e um dedo externo reversível, que lhe permite segurar os peixes com dois dedos para a frente e dois para trás.
As aves que se deslocam em meio aquático, quer apenas caminhem dentro de água, quer sejam nadadoras de superfície ou até mergulhadoras, desenvolveram também elas incríveis adaptações nos seus membros posteriores.
A maioria das aves nadadoras têm as patas colocadas bem atrás, em relação ao seu centro de gravidade, e possuem membranas interdigitais ou bolbos carnudos nos dedos, que lhes proporcionam uma melhor impulsão no meio aquático. Em terra seca, estes bichos são por norma desajeitados e relativamente lentos.
Já as garças e limícolas, que procuram alimento em lodos ou águas rasas, tendem a ter patas compridas, para que possam manter o corpo a seco, e dedos longos, que lhes conferem um maior equilíbrio.
O camão é um caso talvez ainda mais radical de adaptação. Para além das pernas altas, que usa para caminhar dentro de água, os seus dedos são extremamente compridos e permitem-lhe segurar as grandes raízes de caniço das quais se alimentam. Há quem diga que o seu nome deriva mesmo deste facto, sendo uma corruptela da expressão "c'a mão".
Mas a água não é o único meio que requer uma anatomia adaptada. As aves trepadoras, como os pica-paus e as trepadeiras têm dedos curtos e unhas finas e afiadas que lhes permitem agarrar-se aos troncos das árvores (ou às rochas, no caso da trepadeira-dos-muros). Estas, em conjunto com algumas outras características anatómicas, permitem-lhes subir (ou descer, como é hábito dos passarinhos abaixo) troncos e postes em busca de alimento.
Trepadeira-azul (Sitta europaea) Cercal do Alentejo (14-04-2017)
"Armadas" com garras não menos afiadas e dedos mais poderosos, as patas das aves de rapina são sentença de morte para qualquer incauta presa que se deixe apanhar por elas. Com um forte aperto e as garras espetadas profundamente no seu corpo, o fim chega rápido e misericordioso (se é que tal termo pode ser aplicado à natureza).
Açor (Accipiter gentilis) Seixal (20-06-2021)
Como qualquer eng. mecânico poderia confirmar, ter a forma adequada à função é uma das melhores maneiras de garantir a eficiência dos recursos, minimizando ao máximo o desperdício de energia. Não há realmente engenharia melhor do que a da velha mãe natureza.
A morfologia do bico das aves tende a reflectir o seu tipo de alimentação. Aves com bicos curtos e grossos alimentam-se essencialmente de sementes... se este for forte, afiado e curvado na ponta, pertencerá certamente a um predador que o utiliza para arrancar pedaços de carne das suas presas. Bicos mais finos e afunilados servem geralmente para comer insectos e/ou fruta. Algumas aves que se alimentam nos rios e lagos, como as garças, têm bicos longos e fortes, com os quais trespassam os incautos peixes que tiverem o azar de passar por perto.
Fuselo (Limosa lapponica) Almada (08-09-2016)
Estas belas aves apresentam uns enormes apêndices, ligeiramente recurvados para cima, adequados para capturar e ingerir invertebrados em zonas estuarinas. Chegam a parecer desajeitados mas, tal como pude observar "in loco", este bico não lhes causa qualquer atrapalhação, cumprindo a sua função a preceito.
Apesar de não me ter sido possível confirmar, o seu comportamento levou-me a crer que se estariam a alimentar de pulga-do-mar (Talitrus saltator).
Fuselo (Limosa lapponica) Almada (08-09-2016)
Grande ou pequeno, recto ou curvo, grosso ou fino, qualquer que seja o seu tamanho e formato... é inegável, na vida das aves, a importância do bico e de o saber utilizar da forma mais adequada.
Mais tradicional do Baixo Alentejo, o Cante Alentejano é uma das imagens de marca do nosso país e a 3ª nomeação portuguesa a ser reconhecida como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO. Fica um pequeno excerto de uma conhecida música:
Ouvir o seu canto a ecoar no silêncio da madrugada, é qualquer coisa de mágico e arrepiante. A gravação abaixo foi conseguida não às 4 da madrugada, mas às 00:35... foi quase.