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bicho do mato

Aqui fala-se de natureza, aves, bichos em geral e do que mais me passar pela cabeça

bicho do mato

Aqui fala-se de natureza, aves, bichos em geral e do que mais me passar pela cabeça

22
Nov22

Onde observar - Sagres, ponto de encontro dos que não sabem o caminho

Para aqueles maluquinhos que fazem da observação de aves o seu hobbie (e às vezes a sua obsessão), as migrações primaveril (pré-nupcial) e outonal (pós-nupcial) apresentam oportunidades únicas de observação, pois trazem de passagem algumas espécies que dificilmente podemos observar noutras alturas do ano. A migração pós-nupcial é especialmente profícua, pois é no fim de verão/início de outono que as aves juvenis, nascidas mais a norte na Europa, empreendem a sua longa jornada a caminho de terras mais quentes... umas seguem para África, outras invernam por cá, na Península Ibérica.

Nesta época do ano, entre meados de agosto e meados de novembro (grosso modo), por todo o país surgem bichos de passagem, a caminho do Sul. É uma altura incrível, onde qualquer ave pode aparecer em qualquer sítio. Mas há um local específico para onde todos parecem convergir, tanto as aves como os observadores que as procuram. 

Bem-vindos a Sagres, a capital da observação de aves em Portugal. 

Esmerilhão (Falco columbarius)Esmerilhão (Falco columbarius) Sagres (07-11-2021)

 

Mas o que torna esta região tão atractiva nesta altura do ano?

Bem, é sabido que ninguém nasce ensinado... nem mesmo os animais, por muito bons que sejam os seus instintos. Após a reprodução, com a diminuição de horas de luz do dia, as aves migratórias começam paulatinamente a encetar o seu percurso a caminho de paragens mais meridionais. Umas seguem em bando, outras de forma mais isolada, mas todas elas são empurradas para sul pela sua bússola interna. Sucede que os adultos, tendo já efectuado pelo menos uma migração anteriormente, têm o azimute mais afinado e seguem directos para Gibraltar, o ponto onde irão atravessar o Mediterrâneo.

Já os putos, mais inexperientes e destrambelhados, vão descendo o país um pouco mais "à toa", mais dependentes dos ventos e da orografia do terreno. Só "sabem" que têm que seguir mais ou menos para os lados do sul, mas não sabem a rota, pelo que muitos acabam por aproximar-se da costa oeste e utilizam o mar como rumo. No entanto, entrando na península de Sagres, voltam a dar de caras com o mar na costa sul, ficam baralhados e, muitas vezes, permanecem a circular ali na região vários dias até finalmente se orientarem e seguirem para Gibraltar.

Se há um espectáculo que merece ser visto pelo menos uma vez, por aqueles que têm fraquinho por estes bichos emplumados, é o de dezenas de indivíduos de várias espécies de aves planadoras a circular pelos céus, à procura do caminho para um sítio que nunca viram...

Águia-cobreira (Circaetus gallicus) Sagres (04-10-2022)Cegonha-preta (Ciconia nigra) Sagres (02-10-2022)Bútio-vespeiro (Pernis apivorus) Sagres (02-10-2022)Gavião (Accipiter nisus) Sagres (02-10-2022)Açor (Accipiter gentilis) Sagres (01-10-2022)Grifo (Gyps fulvus) Sagres (04-11-2021)Grifo (Gyps fulvus) Sagres (04-11-2021)Grifo (Gyps fulvus) Sagres (04-11-2021)Abutre-preto (Aegypius monachus) Sagres (05-11-2021)Britango (Neophron percnopterus) Sagres (25-10-2019)Cegonha-preta (Ciconia nigra) Sagres (05-10-2018)Águia-de-bonelli (Aquila fasciata) Budens (07-10-2017)

 

Mais para fins de outubro, é especialmente impressionante observar isto a suceder com bandos de centenas de grifos. Chega a haver milhares destas aves a circular pela região ao mesmo tempo.

Grifo (Gyps fulvus)Grifo (Gyps fulvus) Sagres (04-11-2021)

 

Não é, portanto, de estranhar que ali tenha nascido o Festival Observação de Aves & Atividades de Natureza de Sagres, que este ano teve a sua 13ª edição. Todos os anos, geralmente na semana do feriado do 5 de outubro, dezenas de visitantes de várias nacionalidades vão observar de perto a migração e participar nas diversas actividades disponibilizadas pela organização.

Birdwatching2022-Website-Slider-PT.jpg

 

Mas as pessoas que se deslocam a Sagres nos inícios de outono não vão apenas à procura de rapinas. Entre aves residentes e migradoras, terrestres e marítimas, já foram observadas mais de 300 espécies na região. Há muito para ver...

Chasco-cinzento (Oenanthe oenanthe) Sagres (08-10-2022)Tarambola-cinzenta (Pluvialis squatarola) Sagres (07-10-2022)Toutinegra-do-mato (Sylvia undata) Sagres (07-10-2022)Papa-figos (Oriolus oriolus) Sagres (06-10-2022)Tarambola-dourada (Pluvialis apricaria) Sagres (05-10-2022)Papa-moscas-preto (Ficedula hypoleuca) Sagres (05-10-2022)Cotovia-arbórea (Lullula arborea) Sagres (03-10-2022)Rabirruivo-de-testa-branca (Phoenicurus phoenicurus) Sagres (02-10-2022)Estorninho-malhado (Sturnus vulgaris) Sagres (07-11-2021)Cotovia-escura (Galerida theklae) Sagres (07-11-2021)Galheta (Gulosus aristotelis) Sagres (07-11-2021)Melro-de-colar (Turdus torquatus) Sagres (07-11-2021)Tordo-zornal (Turdus pilaris) Sagres (25-10-2019)Rabirruivo-de-testa-branca (Phoenicurus phoenicurus) Sagres (06-10-2017)Papa-moscas-preto (Ficedula hypoleuca) Sagres (06-10-2017)Casquilho (Oceanites oceanicus) ao largo de Sagres (06-10-2017)Alma-de-mestre (Hydrobates pelagicus) ao largo de Sagres (06-10-2017)Alcatraz (Morus bassanus) ao largo de Sagres (06-10-2017)Toutinegra-de-bigodes (Curruca iberiae) Sagres (05-10-2017)Papa-amoras-comum (Curruca communis) Sagres (05-10-2017)Mocho-galego (Athene noctua) Vila do Bispo (02-10-2016)Trigueirão (Emberiza calandra) Sagres (02-10-2016)Torcicolo (Jynx torquilla) Vila do Bispo (30-09-2016)Gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax) Vila do Bispo (30-09-2016)Corvo (Corvus corax) Sagres (07-11-2021)Pardela-balear (Puffinus mauretanicus) Sagres (36-10-2019)Melro-azul (Monticola solitarius) Boca do Rio (10-06-2016)Chasco-ruivo (Oenanthe hispanica) Sagres (10-06-2016)

 

Entre todas estas espécies, há sempre algumas que chamam mais a atenção ou geram mais procura, quer seja por serem especialidades da região, ou por serem aves mais incomuns ou até raras.

Sisão (Tetrax tetrax)Sisão (Tetrax tetrax) Sagres (30-09-2016)

Borrelho-ruivo (Charadrius morinellus) Sagres (07-10-2022)Gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax) Sagres (02-10-2022)Petinha-marítima (Anthus petrosus) Sagres (26-10-2019)Grifo-pedrês (Gyps rueppellii) Sagres (05-10-2017)

 

Com tantas aves a circular na zona, é inevitável que acabem por interagir connosco e com o nosso modo de vida.

Esta interacção é especialmente preocupante nos parques eólicos da região, que representam um perigo muito real para grandes planadoras, como águias, cegonhas e abutres. As empresas gestoras destes parques contratam, no período mais crítico do ano, consultoras que colocam equipas no terreno, garantindo uma monitorização permanente. Estas equipas dispõem inclusivamente da capacidade de parar os geradores, em caso de perigo eminente. Felizmente, estas medidas de mitigação têm mostrado ser bastante eficientes.

 

Outras interacções aves/humanos podem parecer mais inócuas, mas nem sempre é bem assim.

Os extra-maluquinhos que se decidam a levantar bem cedo para dar uma volta pela zona, arriscam-se a ter surpresas como dar de caras com um bando de dezenas ou até centenas de abutres a dormitar no chão. Claro que a tentação de nos aproximarmos é bastante difícil de resistir... as fotos que poderíamos conseguir, se chegássemos perto...

No entanto, os resultados disso tendem a ser bastante perniciosos para as aves. O mais provável é que estas se vão assustar e levantar voo mais cedo do que o suposto, acabando por não descansar tanto quanto precisavam. Não esqueçamos que são aves enormes, a meio de uma viagem de milhares de km... toda a energia poupada é preciosa.

E, se os fizermos levantar voo assustados nas imediações de um parque eólico, mais do que meramente pernicioso, o resultado pode ser catastrófico.

Grifo (Gyps fulvus)

Grifos (Gyps fulvus) Sagres (07-11-2021)

 

De qualquer forma, podemos apreciar à distância e até conseguir algumas fotos sem incomodar os bichos. Basta que tenhamos em mente mais o seu interesse do que o nosso.

As fotos acima foram todas conseguidas a uma distância segura, de dentro do carro, parado na berma de uma estrada alcatroada. Não serão imagens tecnicamente perfeitas, mas são excelentes recordações de um incrível "momento National Geographic", num dia em que decidi dar uma volta à toa, ao nascer do dia, sem percurso nem destino definidos.

 

Definitivamente, no outono, Sagres é o ponto de encontro dos que não sabem o caminho...

 

02
Ago19

Agora vês-me, agora não...

Quantas vezes já tivemos uma qualquer ilusiva criatura extremamente próxima de nós, mas só demos por ela quando fugiu? O mimetismo é uma das estratégias de defesa (e até de ataque) mais utilizadas no mundo animal. Alguns imitam as cores e/ou formas do meio que os envolve, outros deslocam-se com extrema cautela e ficam imóveis horas a fio, há até aqueles que chegam mesmo a alterar as propriedades dos seus corpos consoante as necessidades.

Se a forma mais pura de elogio é a imitação, a cabal demonstração da efectividade destas tácticas de sobrevivência é a tentativa humana de replicá-las criando camuflagens com os mais variados padrões e até, nos dias que correm, as pesquisas direccionadas para a criação de fatos "camaleónicos"...

Garçote (Ixobrychus minutus) Lagoa Estacada (16-07-2016) (24).JPGGarçote (Ixobrychus minutus) (juvenil) Espaço Interpretativo da Lagoa Pequena - Sesimbra (16-07-2016)

 

Esta é uma das mais crípticas aves da nossa fauna e proporcionou-me um extremo gozo poder passar uma manhã a acompanhar os seus vagarozos movimentos e as suas tentativas de aprender a caçar.

Garçote (Ixobrychus minutus) Lagoa Estacada (16-07-2016) (30).JPGGarçote (Ixobrychus minutus) (juvenil) Espaço Interpretativo da Lagoa Pequena - Sesimbra (16-07-2016)

18
Dez17

Em queda livre

Embora seja uma ave bastante comum nas nossas águas e muitas vezes avistada a partir da costa, não a encontraremos nas nossas praias ou falésias. 

Alcatraz (Morus bassanus)Alcatraz ou Ganso-patola (Morus bassanus) RN Berlengas (21-05-2017)

 

O alcatraz só poisa em terra firme quando está extremamente debilitado ou quando pretende nidificar. Mas, como esta espécie não nidifica no nosso país, as imagens que mais facilmente conseguiremos reter são o seu poderoso voo ou os seus espectaculares mergulhos quando caem a pique dos céus na tentativa de capturar um peixe mais descuidado.

Alcatraz (Morus bassanus)Alcatraz ou Ganso-patola (Morus bassanus) RN Berlengas (21-05-2017)

 

Nesta espécie relativamente fácil de reconhecer devido ao seu porte e formato do corpo, os juvenis apresentam um tom pardo malhado ou manchado, ao passo que os adultos são essencialmente brancos com a ponta das asas preta. O seu corpo fusiforme permite-lhe os espantosos mergulhos e, quando visto ao longe, dá-lhe a aparência de ter duas cabeças - "uma para cada lado".

Alcatraz (Morus bassanus)Alcatraz ou Ganso-patola (Morus bassanus) RN Berlengas (21-05-2017)

 

Numa visita da SPEA (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves) à Reserva Natural das Berlengas, tivémos a oportunidade de os ver bem de perto a rondar a embarcação e detectámos mesmo  3 destas belas aves poisadas num rochedo dos Farilhões, coisa que deixou todos a bordo bastante entusiasmados com a possibilidade de que estivessem a tentar nidificar por ali. É algo a tentar verificar no futuro...

Alcatraz (Morus bassanus)Alcatraz ou Ganso-patola (Morus bassanus) RN Berlengas (21-05-2017)

01
Set17

Os Fenótipos e a Etologia - Asas

Serão as asas de um pardal semelhantes às de uma avestruz? E as de um abutre terão a mesma função das de um colibri?

 

Os membros anteriores das aves representam uma das mais fantásticas adaptações morfológicas do mundo natural. Ainda assim nem todas as espécies os utilizam da mesma forma... a especiação levou a que surgissem alterações de acordo com o uso específico que cada espécie lhes dá (ou foi o uso que levou à especiação?).

Abutre-preto (Aegypius monachus)Arronches (08-06-2019) (2).JPG

Abutre-preto (Aegypius monachus) Arronches (08-06-2019)

 

As asas das grandes planadoras desenvolveram-se de forma a facilitar a captação das correntes térmicas, os pinguins não têm a capacidade de voo, mas utilizam-nas para nadar, já os guarda-rios com o seu voo "frenético" conseguem utilizá-las de forma a mergulhar e rapidamente manobrar para voltarem à superfície.

 

Já este falcão é o animal mais rápido do mundo. Atinge velocidades que rondam os 300 km/h, em parte graças às suas asas longas e ponteagudas. Vê-lo a caçar é um privilégio e presenciar uma cena de caça a dois em que o casal manobrava na tentativa (bem sucedida) de capturar um andorinhão, foi dos melhores momentos "Nat Geo" que já vivi.

Falcão-peregrino (Falco peregrinus) Portinho da Costa (12-05-2016) (21).JPG

Falcão-peregrino (Falco peregrinus) Almada (12-05-2016)

 

[EN]

Phenotypes and Ethology - Wings

Are the wings of a sparrow similar to the wings of an ostrich? And the wings of a vulture will have the same function than the ones of a hummingbird?

The forelimbs of birds are one of the most fantastic morphological adaptations of the natural world, yet not all species use them the same way... speciation led to arise changes according to the specific use that each species gives them (or was that use who led to speciation?). 

The wings of large soaring birds were developed to facilitate the capture of thermals, penguins do not have the flight capacity but instead use them for swimming while the kingfisher with its "frantic" flight have the capacity to dive and quickly maneuver to return to the surface.

This falcon is the fastest animal in the world. It reaches speeds around 300km/h in part thanks to its long and pointy wings. To see him hunting is a privilege and to witness a hunting scene where the couple was maneuvering in an (successful) attempt to catch a swift was one of the best "Nat Geo moments" of my life.

Peregrine Falcon (Falco peregrinus) Almada - Portugal (12-05-2016)

30
Ago17

Filhos e enteados

Um ninho de gralha com duas crias pretas e uma ou duas pequenas aves de peito claro e manto pintalgado pode parecer uma visão estranha, mas é uma situação perfeitamente normal num ninho parasitado por esta ave. Aquando da sua postura, o cuco-rabilongo remove um número de ovos igual ou superior àquele que lá coloca, o que faz dele inimigo público dos corvídeos da nossa praça.

Cuco-rabilongo (Clamator glandarius) Vila Nova de Milfontes (25-06-2016) (20).JPG

Cuco-rabilongo (Clamator glandarius) Vila Nova de Milfontes - Odemira (25-06-2016)

 

Já para nós humanos, este "enteado" é uma ave bastante útil, devido à sua predilecção por processionárias, ralos e bicho-cobrelo. O seu insaciável apetite por estas lagartas de Mariposa-cigana (Lymantria dispar) permitiu-me estar na conversa literalmente ao lado do bicho (uns 3 metros) enquanto observava a "caça" a estes perniciosos insectos. Os donos dos sobreiros certamente agradecem a limpeza.

Cuco-rabilongo (Clamator glandarius) Vila Nova de Milfontes (25-06-2016) (34).JPG

Cuco-rabilongo (Clamator glandarius) Vila Nova de Milfontes - Odemira (25-06-2016)

 

[EN]

Children and stepchildren

A Carrion Crow's nest with two black pups and one or two small birds with white chest and spotted mantle may seem a strange sight but it is a perfectly normal situation in a nest parasitized by this bird. When laying eggs, the great spotted cuckoo removes an equal or higher number of the host's eggs, which makes it a public enemy for the corvids.

 

As for us humans, this "stepchild" is a useful bird because of its predilection for the Pine Processionary, the Mole Cricket and the Gypsy Moth. His insatiable appetite for these caterpillars (Lymantria dispar) allowed me to be in conversation literally beside the bird (about 3 meters) while observing the "hunting" for these nasty insects. The owners of the cork oaks certainly appreciate the cleansing.

Great Spotted Cuckoo (Clamator glandarius) Vila Nova de Milfontes - Portugal (25-06-2016)

 

28
Ago17

Os malucos dos Pokemons

Num jardim público cheio de gente, deitado num chão repleto de dejectos de pato, com o cotovelo esquerdo dentro de água a ser mordiscado por carpas do tamanho do meu braço. O LCD em 45º para tentar ter ângulo de disparo, a câmara segura só com uma mão por cima da água. Dezenas de pessoas a olhar para mim como se eu fosse maluco... Tinha tudo para correr mal, mas os deuses da passarada recompensaram os meus malabarismos.

Goraz (Nycticorax nycticorax) Gulbenkian (21-07-2016) (11).JPGGoraz (Nycticorax nycticorax) Lisboa - Jardins da Gulbenkian (21-07-2016)

17
Ago17

O mocho, o sapo e os nerds

"O que fazem quatro "nerds dos pássaros" à noite, no meio de nenhures, a perseguir um som que parece vir de vários sítios ao mesmo tempo? Certamente estarão a tentar encontrar uma ave, mas se não forem cuidadosos podem acabar por encontrar... um sapo." (hã?)

 

Esta pequena rapina nocturna alimenta-se principalmente de insectos como gafanhotos, escaravelhos, borboletas e cigarras, mas também não rejeita repteis, anfíbios e até aves ou mamíferos de pequeno porte.
Nas noites amenas da primavera é possível ouvir o seu chamamento, repetido numa cadência de 3 segundos, a ecoar pelos campos silenciosos. Mas é preciso alguma atenção pois, curiosamente, as suas vocalizações são muito similares às do Sapo-parteiro (Alytes obstetricans), sendo que estas apenas são audíveis a uma curta distância.

 

"Depois de despistada a possibilidade do sapo, os nerds embrenharam-se no mato e conseguiram finalmente localizar o sobreiro que albergava tão ilustre hóspede. Os corações batiam ansiosos, os passos eram leves e cuidadosos e as lanternas tremiam nas mãos nervosas... seria possível descobrir o bicho antes que este voasse? Por cima das suas cabeças, o som aparentava vir de toda a copa e a própria bruma parecia conspirar contra eles. Subitamente, uns grandes olhos amarelos traíram a plumagem críptica e deu-se uma explosão de alegria muda que só seria exteriorizada uns minutos mais tarde, quando o animal abandonou a árvore e desapareceu na noite."


Nerds...

Mocho-pequeno-de-orelhas (Otus scops) Penamacor (18-06-2017) (1).JPG

Mocho-pequeno-de-orelhas (Otus scops) Penamacor (18-06-2017)

 

[EN]

The owl, the frog and the nerds

"What do four "bird nerds" at night in the middle of nowhere, chasing a sound that seems to come from several places at once? They will certainly be trying to find a bird, but if they are not careful they may end up finding... a frog." (what?) 

This small owl feeds mainly on insects such as grasshoppers, beetles, butterflies and cicadas, but also does not reject reptiles, amphibians and even small birds or mammals.
On mild spring nights you can hear his call, repeated in a cadence of 3 seconds, echoing through the silent fields. But pay attention because their vocalizations are very similar to those of the Midwife Toad (Alytes obstetricans), these being audible only within a short distance.

"After the toad has been discarded, the nerds went into the bush and finally managed to locate the cork oak that housed such an illustrious guest. Hearts beat anxiously, the steps were light and careful and the lanterns trembled in nervous hands. The sound seemed to come from all over the canopy, and the haze itself seemed to conspire against them. Suddenly two large yellow eyes betrayed the cryptic plumage and there was an explosion of unspoken joy only to be externalized a few minutes later, when the animal left the tree and disappeared into the night."


Nerds...

Eurasian Scops Owl (Otus scops) Penamacor - Portugal (17-06-2017)

 

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