Pequenos, fortes e maus
Os picanços são um dos grupos mais carismáticos da nossa avifauna. O seu comportamento e os seus hábitos tendem a despertar paixões entre os observadores, pois estas são autênticas mini-rapinas de reconhecido "mau feitio". No nosso país ocorrem 3 espécies - duas das quais são estivais e uma residente - que frequentam genericamente zonas abertas com árvores ou arbustos dispersos e se alimentam essencialmente de insectos e pequenos vertebrados.
Surgindo geralmente na primeira quinzena de Maio (um dos últimos migradores estivais a chegar ao nosso território), este é o picanço mais cobiçado por observadores e fotógrafos, devido à sua restrita distribuição geográfica: o picanço-de-dorso-ruivo nidifica apenas nas serras mais setentrionais do país, geralmente acima dos 700 m de cota.
Picanço-de-dorso-ruivo (Lanius collurio) Montalegre (11-05-2018)
Das três espécies, esta é a maior. Apesar de se alimentar também de insectos, chega a caçar répteis, aves de pequeno porte ou ratos aos quais dá o seu famoso tratamento: o piçanço-real armazena comida empalando as suas presas em espinhos ou arame farpado para mais tarde as devorar. Tem uma distribuição geral pelo país, sendo mais comum nas regiões do sul.
Picanço-real (Lanius meridionalis) Barragem de Morgavel - Sines (06-11-2016)
Começam a chegar a Portugal no início de Março e os últimos indivíduos regressam às suas zonas de invernada na África subsariana no princípio de Outubro... enquanto estão por cá distribuem-se maioritariamente pelo sul do país, mas também pelo interior norte e centro. O picanço-barreteiro é uma bela e aguerrida ave, sendo conhecida por defender ferozmente os seus ninhos, inclusivamente contra humanos.
Picanço-barreteiro (Lanius senator) Ponta dos Corvos - Seixal (23-04-2016)