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bicho do mato

Aqui fala-se de natureza, aves, bichos em geral e do que mais me passar pela cabeça

bicho do mato

Aqui fala-se de natureza, aves, bichos em geral e do que mais me passar pela cabeça

04
Ago21

Impactos e Interacções - Bigfoot

O impacto que as nossas actividades têm sobre a natureza aumenta a cada ano que passa. O consumo desenfreado leva a um excesso de resíduos e quem paga a factura são as aves, os peixes, as plantas... Urge tomar consciência e fazer os possíveis para reduzir a nossa pegada ecológica que, neste momento, é titânica.

 

Rola-do-mar (Arenaria interpres) Costa de Caparica (02-05-2016) (1).JPGRola-do-mar (Arenaria interpresCosta da Caparica - Almada (02-05-2016)

10
Ago20

Fazer ciência a brincar

Fazer observação de natureza implica passar muito tempo no campo. A sós ou acompanhados, aqueles que são apaixonados por esta actividade acabam por ter o privilégio de presenciar cenas de vida selvagem que a maioria das pessoas "comuns" apenas vê nos documentários na televisão.

Entre estes privilegiados, uns têm uma perspectiva artística sobre aquilo que observam na natureza, alguns enveredam por um caminho filosófico ou espiritual, enquanto outros seguem uma visão mais científica, alguns têm até uma aproximação brincalhona e há também aqueles que misturam um pouco de tudo isto... o que importa na realidade é que cada um retire as ilacções, os conhecimentos e a satisfação que mais se adequa à sua forma de ver a natureza.

Concretizando a sua paixão na tentativa de conseguir a foto mais perfeita, os "fotógrafos de natureza" dividem a sua atenção entre a compreensão da arte fotográfica (a luz, os enquadramentos, a exposição) e o conhecimento sobre os seus "motivos". Com o advento da fotografia digital, esta actividade sofreu um autêntico boom e hoje proliferam pela Internet bonitos retratos de bichos...  mas aquele momento especial ou aquele comportamento inaudito registados com excelente qualidade de imagem e real dimensão artística são ainda prémios ao alcance de muito poucos. Estes parcos verdadeiros fotógrafos de natureza são de facto uma classe à parte. Seja como for, dificilmente veremos qualquer uma destas pessoas no campo sem uma câmara na mão... a imagem é a sua vida.

Mais preocupados com o conhecimento científico sobre o mundo natural, os chamados "observadores" concentram as suas energias em compreender aquilo que observam. Que espécies de aves há em determinado local? Quantos indivíduos existem? Quando e porque estão ali presentes? Como se comportam e qual a razão ou significado dos seus comportamentos? Como interagem com o meio? O seu equipamento essencial é materializado num par de binóculos e num bloco de notas (hoje muitas vezes substituído pelo smartphone), mas é muito comum vê-los carregando às costas um telescópio e também... uma câmara fotográfica. Embora até estas pessoas dêem importância à recolha de imagens, o seu foco não é esse e é comum que os resultados sejam sofríveis, apenas meros registos da presença da espécie fotografada.

Confesso que pertenço a este último grupo. Geralmente sozinho, algumas vezes acompanhado por um restrito grupo de "correligionários", ando pelos matos a identificar, contar e registar aves e outros seres vivos. Gosto de obter conhecimento sobre os bichos que observo, seja ele empírico, através da observação directa ou mais académico, utilizando livros e guias.

O meu equipamento fotográfico é fraco, o meu conhecimento de fotografia é limitado e a minha sensibilidade artística é quase nula. Como tal, as minhas fotos são sofríveis e os meus vídeos são demasiado amadores. Ainda assim, vou tentando usá-l@s para transmitir um pouco de conhecimento e, porque não, causar uns sorrisos. 

Ciência cidadã, é o péssimo nome que dão aos dados que vão sendo recolhidos por pessoas como eu. Ainda assim é ciência e, como tal, deve ser levada a sério, não é? Beeeeem... sim, a nossa actividade contribui um pouquinho para a ciência, mas isso não implica que não estejamos ali para nos divertirmos.  

Como em tantas outras actividades, é importante não nos levarmos demasiado a sério. Um olhar crítico e bem humorado é essencial para que um hobbie não passe a ter o peso de um trabalho. Afinal, a vida deve ser levada com leveza e, para nerds como eu, nada é mais divertido do que fazer ciência... a brincar. 

(PS: vejam os vídeos com som e em 1080p HD, ficam menos maus assim)

 

24
Fev19

A vida nas pedras

Pedras, rochas e Calhaus. A mera menção destas palavras transporta-nos mentalmente para ambientes áridos e estéreis onde a sobrevivência é improvável... Nada mais falso. Os diversos habitats rochosos que podem ser encontrados no nosso país estão repletos de vida e cor.

 

Nos esporões pedregosos das praias da frente atlântica de Almada, podemos encontrar várias espécies de aves, entre elas a rola-do-mar. Estas belas aves percorrem as pedras deixadas a descoberto pela baixa-mar em busca de invertebrados e pequenos caranguejos. 

Rola-do-mar (Arenaria interpres)Rola-do-mar (Arenaria interpres) Cova do Vapor - Almada (02-11-2019)

 

Aves, mamíferos, répteis, insectos, plantas... alguns utilizam as pedras como casa, outros como território de caça, zona de repouso ou meio de protecção. Seja como for, a vida adapta-se a todos os ambientes e encontra forma de prosperar. Até um calhau nu e molhado pode ser um precioso aliado para algum réptil em processo de termorregulação (os répteis são ectotérmicos, ou seja, necessitam de uma fonte externa de calor para regularem a sua temperatura corporal).

 

Embora os seus números aparentem estar a diminuir em favor da proliferação das exóticas tartarugas-da-florida, ainda vamos podendo encontrar, pelos nosso cursos de água, alguns cágados-mediterrânicos a tomar plácidos banhos de sol em cima de alguma pedra que se projecte um pouco fora do elemento líquido.

Cágado-mediterrânico (Mauremys leprosa)Cágado-mediterrânico (Mauremys leprosa) ZPE Castro Verde (11-06-2016)

 

Alguns animais especializam-se nestes habitats, onde passam toda a sua vida, chegando a um ponto em que isso os define e lhes confere identidade.

 

Este pequeníssimo passeriforme ocorre em escarpas e grandes paredes rochosas, tornando bastante difícil a sua localização. É nestas fragas que se alimenta, repousa e procria, o que lhe granjeou o nome de trepadeira-dos-muros ou trepa-fragas.

Trepadeira-dos-muros (Tichodroma muraria) Cabo Sardão (31-03-2018) (42b).JPGTrepa-fragas ou Trepadeira-dos-muros (Tichodroma muraria) Cabo Sardão - Odemira (31-03-2018)

 

E, se alguns bichos dominam por completo estes ambientes, calcorreando cada centímetro de pedra, investigando cada irregularidade, explorando cada anfractuosidade, outros há que apenas os conhecem superficialmente, utilizando estas estruturas como mero auxiliar para os seus afazeres do dia-a-dia.

 

Em cima de uma rocha saliente num dos muitos ribeiros de águas frias e límpidas que ainda hidratam o norte do país, encontramos vigilante um ser delicado, de cor iridescente. No centro do seu território, o macho de donzelinha aguarda a passagem de uma fêmea enquanto defende ameaçadoramente as suas fronteiras dos seus potenciais rivais. Em cima daquelas pedras desenrola-se o terrível - ainda que belo - jogo da vida.

Donzelinha (Calopteryx virgo)Donzelinha (Calopteryx virgo) Rio Caima - Vale de Cambra (08-09-2018)

 

Alguns animais há que, sem serem fiéis a estes biótopos, usufruem deles quando as circunstâncias assim o ditam.

 

Os pilritos-das-praias são mais conhecidos por serem observados a correr freneticamente pela areia, junto à linha de espuma do mar. O seu vai e vem quase pendular reflecte a cadência das ondas e marca o ritmo segundo o qual estas pequenas aves procuram na areia molhada os minúsculos invertebrados dos quais se alimentam. No entanto, na maré cheia podemos vê-los a repousar em grupo nos rochedos fora do alcance das águas. Da mesma forma, não é incomum vê-los a procurar alimento entre mesmas rochas na maré vazante. Na vida há que saber aproveitar as oportunidades e estes pequenos não deixam os seus créditos por mãos alheias... 

Pilrito-das-praias (Calidris alba)Pilrito-das-praias (Calidris alba) Cova do Vapor - Almada (28-01-2016)

 

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